27/07/2009

A MENINA GIGANTE

Era uma vez uma jovem gigante. Vivia recolhida na orla da floresta porque tinha medo de assustar os homens. Certa vez tinha encontrado uma senhora a apanhar cogumelos, que arregalou os olhos e fugiu a correr, cheia de medo.
A jovem gigante ficaa muitas vezes à janela de casa a pensar no que a mãe, uma mulher normal, lhe dissera:
- Um gigante ainda vá. Mas uma gigante? Vais ficar só na vida. Nenhuma rapariga vai querer-te como amiga porque o teu tamanho inspira medo. Nenhum rapaz vai apaixonar-se por ti. Os homens gostam que as mulheres olhem para eles de baixo para cima.
Aconteceu que um guarda-florestal construiu a sua casa à beira da casa da menina, na orla da floresta, e olhava muitas vezes para ela, do outro lado.
O rosto que surgia à janela do primeiro andar agradou-lhe. Numa manhã, antes de ir para a floresta, acenou-lhe com a mão;
A gigante acenou-lhe timidamente e ficou a seguir o rapaz com o olhar, até ele desaparecer, pequenino, entre as árvores.

"Se viesse agora alguém do meu tamanho!", pensava ela. A partir daquele dia, antes de ir para o trabalho, o jovem guarda-florestal passou a trocar algumas palavras com a vizinha em cima, à janela.

Pelos finais de Fevereiro, uando os dias começaram a crescer, ele ouviu falar de uma festa de Carnaval na cidade. "Vou perguntar aà minha vizinha se quer vir comigo", pensou ele.

Á noite, ao regressar do trabalho, não a encontrou à janela. Bateu à porta, mas ninguém abriu. Então, rodou a maçaneta. Da porta, olhou para o quarto e assustou-se. Estendida no chão, em cima de um colchão enorme, estava uma gigante a dormir. A sa cara era agora mais bonita do que à janela. Um sorriso iluminava-a, talvez estivesse a ter algum sonho agradável.
Sem fazer barulho para não acordar a gigante, o guarda-florestal fechou a porta e foi para casa. Devia guardar segredo a respeito do que prsenciara.
Na manhã seguinte, o rapaz parou debaixo da janela e gritou para cima:
- Há uma festa de Carnaval na cidade. Não quer lá ir, vizinha? Talvez eu consigareconhecê-la, mesmo disfarçada. Olhe que era divertido!
- Oh! - balbuciou ela. - Carnaval? Não saberia de que havia de ir vestida!
- No carnaval tudo é possível - disse o guarda-florestal a rir. - De certeza que vai haver muitos duendes, fadas, bruxas, gigantes!
A jovem pensou então: "Esta é uma boa oportunidade para me misturar com as pessoas. Toda gente vai pensar que eu estou mascarada de gigante. Ninguem vai assustar-se comigo."
Então, a jovem gigante foi à cidade e misturou-se com os mascarados. Sentiu-se bem no meio de tantas bruxas, ciganas, indios e anões. Muitas pessoas, principalmente crianças, paravam para olhar para ela admiradas.
Uma menina pequenina exclamou:
- Gosto de ti, gigante. Gostava de andar às tuas cavalitas no jardim zoológico e poder finalmente olhar a girafa de frente.
A jovem gigante fechou os olhos por um momento e imaginou como seria estar com a menina e com a girafa de frente.
- E eu - exclamou um rapazinho - gostav de andar aos teus ombros no circo. No espectáculo de ontem tive de ficar sentado atrás e não vi quase nada!
A gigante fechou os olhos por um momento e imaginou-se no circo com o menino.
- Também eu ficaria contente se te tivesse - disse um adulto. - Algumas telhas na minha quinta estão patidas e a goteira está entupida. Não te seria nada difícil arranjar aquilo.
A gigante fechou por momento os olhos e imaginou-se a reparar o telhado do lavrador. Saber que as pessoas podiam precisar de alguém do seu tamanho deixava-a contente.
De repente, um cochicho passou pela multidão e abrirm lugar a um segundo gigante. Atravessou a ponte em direção à jovemne atravessou a ponte em direcção à jovem e agarrou-a pelas mãos.
O gigante e a gigante dançaram juntos um gigantesco minuete. As pessoas batiam palmas. A gigante gostava de dançar. Finalmente podia olhar para uns olhos directamente à sua frente e não muito abaixo de si. Através da abertura da máscara, olhava para uns olhos maravilhosos, onde estavam reflectidos florestas, nuvens, o azul do céu.


"Finalmente alguém do meu tamanho!" pensava ela. "Não foi com isto que sonhei durante tanto tempo?"

Uma espanhola mascarada esticou a mão e puxou a perna das calças do gigante. Queria saber se aquelas pernas compridas eram verdadeiras. O gigante começou a vacilar e um par de andas caiu ao chão. Viu-se então que ele não era um gigante mas um homem do tamanho normal.

Por detrás da máscara deslocada, a jovem reconheceu o seu vizinho, o guarda-florestal. As lágrimas corriam-lhe pela face.
- E tu? - perguntou uma das crianças à gigante. - Ao menos tu és a sério?
A jovem limpou as lágrimas com as costas das mãos. A cólera e a tristeza davam-lhe coragem e gritou:
- Todos têm de ficar a conhecer o meu segredo! Sim, sou uma gigante verdadeira! Moro sozinha na orla da floresta para não vos assustar! - fez uma pausa. Mas ninguém fugiu assustado.
- A sério? Mas isso é óptimo! - disse um rapazinho. E olhava para ela cheio de admiração.
O guarda-florestal, que, muito envergonhado, se afastara, aproximou-se da jovem e, cheio de coragem, disse-lhe:
- Eu também quero libertar-me do meu segredo. Há já algum tempo que sei que és uma gigante. Mas, acaso isso é razão para não te amar? Também os meus amigos, as árvores, são grandes. Sequiseres, mostro-tas amanhã.
No dia seguinte, o guarda-florestal e a jovem gigante passeavam pela floresta. e iam de mão dada!
Eveline Hasler

14/07/2009

O poder da palavra

Hoje ao ler minhas mensagens deparei-me com uma enviada pela minha amiga, ex-colega de universidade, ex-colega de trabalho, praia, etc. Rozi ou melhor, "Maravilha".

A mensagem pareceu-me com um breve relato de fatos vivivos e tenho certeza de que vocês também terão a mesma sensação.
Um dia, quando eu era calouro na escola, vi um garoto de minha sala caminhando para casa depois da aula. Seu nome era Paulo. Parecia que ele estava carregando todos os seus livros.

Eu pensei:

'Por que alguém iria levar para casa todos os seus livros numa

Sexta-Feira?

Ele deve ser mesmo um C.D.F'!

O meu final de semana estava planejado (festas e um jogo de futebol com meus amigos Sábado à tarde), então dei de ombros e segui o meu caminho.

Conforme ia caminhando, vi um grupo de garotos correndo em direção a Paulo.

Eles o atropelaram, arracaram todos os livros de seus braços, empurrando-o de forma que ele caiu no chão.

Seus óculos voaram e eu os vi aterrissarem na grama há alguns metros de onde ele estava. Paulo ergueu o rosto e eu vi uma terrível tristeza em seus olhos.

Meu coração penalizou-se! Corri até o colega, enquanto ele engatinhava rocurando por seus óculos.

Pude ver uma lágrima em seus olhos. Enquanto eu lhe entregava os óculos, disse: 'Aqueles caras são uns idiotas! Eles realmente deviam arrumar uma vida própria'. Paulo olhou-me nos olhos e disse: 'Hei, obrigado'!

Havia um grande sorriso em sua face. Era um daqueles sorrisos que realmente mostram gratidão. Eu o ajudei a apanhar seus livros e perguntei onde ele morava.

Por coinciência ele morava perto da minha casa, mas não havíamos nos visto antes, porque ele frequentava uma escola particular.

Conversamos por todo o caminho de volta para casa e eu carreguei seus livros. Ele se revelou um garoto bem legal.

Perguntei se ele queria jogar futebol no Sábado comigo e meus amigos. Ele disse que sim.

Ficamos juntos por todo o final de semana e quanto mais eu conhecia Paulo, mais gostava dele.

Meus amigos pensavam da mesma forma.

Chegou a Segunda-Feira e lá estava o Paulo com aquela quantidade imensa de ivros outra vez! Eu o parei e disse:

Rapaz, você vai ficar realmente musculoso carregando essa pilha de livros assim todos os dias!'

Ele simplesmente riu e me entregou metade dos livros. Nos quatro anos seguintes, Paulo e eu nos tornamos mais antigos, mais unidos.

Quando estávamos nos formando começamos a pensar em Faculdade.

Paulo decidiu ir para São Paulo e eu para Vitória. Eu sabia que seríamos sempre amigos, que a distancia nunca seria problema. Ele seria médico e eu ia tentar uma bolsa escolar no time de futebol. Paulo era o orador oficial de nossa turma. Eu o provocava o tempo todo sobre ele ser um C.D.F.

Ele teve que preparar um discurso de formatura e eu estava super contente por não ser eu quem deveria subir no palanque e discursar.

No dia da formatura Paulo estava ótimo.

Era um daqueles caras que realmente se encontram durante a escola.

Estava mais encorpado e realmente tinha boa aparencia, mesmo usando óculos.

Ele saía com mais garotas do que eu e todas as meninas o adoravam!

Às vezes eu até ficava co inveja.

Hoje era um daqueles dias. Eu podia ver o quanto ele estava nervoso sobre o discurso. Então, dei-lhe um tapinha nas costas e disse: 'Ei grotão você vai se sair bem'!

Ele olhou para mim com aquele olhar de gratidão, sorriu e disse:

-'Valeu'!

Quando ele subiu no oratório, limpou a garganta e começou o discurso:

'A formatura é uma época para agradecermos àqueles que nos ajudaram durante estes anos duros. Seus pais, professores, irmãos, talvez até um treinador, mas principalmente aos amigos. Eu estou aqui para lhes dizer que ser um amigo para alguém, é o melhor presente que você pode lhes dar. Vou contar-lhes uma história:'

Eu olhei para o meu amigo sem conseguir acreditar enquento ele contava a história sobre o primeiro dia em que nos conhecemos. Ele havia planejado se matar naquele final de semana! Contou a todos como havia esvaziado seu armário na escola, para que sua Mãe não tivesse que fazer isso depois que ele morresse e estava levando todas as suas coisas para casa.

Ele olhou diretamente nos meus olhos e deu um pequeno sorriso.

'Felizmente, meu amigo me salvou de fazer algo inominável!' Eu observava o nó na garganta de todos na platéia enquanto aquele rapaz popular e bonito contava a todos sobre aquele seu momento de fraqueza.

Vi sua mãe e seu pai olhando para mim e sorrindo com a mesma gratidão.

Até aquele momento eu jamais havia me dado conta da profundidade do sorriso que ele me deu naquele dia.

Nunca subestime o poder de suas ações. Com um pequeno gesto você pode mudar a vida de uma pessoa. Para melhor ou par pior.

Deus nos coloca na vida dos outros para que tenhamos um impacto, um sobre o outro de alguma forma.
PROCURE O BEM NOS OUTROS!