12/09/2007

A História que pode levar escritor para prisão.

O romance "Amok" ("O arrebatamento", em português), de Krystian Bala, pode levar o autor da obra à prisão caso a Justiça polonesa decida que ele relatou no livro um assassinato que cometeu na vida real.



O homicídio em questão aconteceu no dia 13 de novembro de 2000, cinco anos antes de o romance surgir. A história não interessou os críticos, mas chamou a atenção de policiais, promotores e peritos judiciais ao descrever um assassinato idêntico ao de um caso não solucionado.


Segundo Bala, o livro foi inspirado em memórias que ele leu na internet. A obra acabou fazendo muito sucesso e gerando repercussão, talvez por sua grande carga de violência e pela falta de piedade do assassino.

O escritor chegou a confessar a culpa, atribuindo o assassinato ao ciúme que sentia da esposa, Stanislawa. No entanto, os policiais ainda não têm certeza de que não se trata de uma fantasia.

Vítima foi torturada

O interesse dos investigadores surgiu porque eles sabiam que a vítima do assassinato não solucionado na vida real, Dariusz J. (de 35 anos), foi torturado antes de morrer, detalhe descrito pelo romance, mas que não havia sido divulgado durante as investigações.

O assassino amarrou a vítima de forma que qualquer movimento que fazia apertava a corda presa ao redor de seu pescoço, asfixiando-a cada vez mais.

A informação, que não havia sido levada a público, levou os policiais a suspeitarem que Bala poderia ser o autor do crime. Assim, as investigações foram reabertas.

"Nosso objetivo era buscar até os indícios mais insignificantes para verificar se nossa suspeita fazia sentido", disse ao jornal "Rzeczpospolita" o comissário Jacek Wrobleski.

Coincidências
Começaram então a aparecer detalhes muito sugestivos, como e-mails relacionados ao crime enviados da Ásia para o programa de TV que noticiou a morte de Dariusz J.

Os investigadores analisaram o passaporte de Krystian Bala e confirmaram que o escritor esteve nas mesmas datas nos locais de onde foram feitos os contatos com o programa da emissora polonesa para informar sobre o assassinato cometido em 2000 e anunciado como "o crime perfeito".

Além disso, a polícia descobriu que quatro dias depois do desaparecimento de Dariusz J., seu telefone apareceu num leilão de internet e uma pessoa chamada Chris B. - nome que correspondente com o do autor - o colocou à venda.

Sobre o celular, durante os interrogatórios realizados após uma de suas detenções, Bala afirmou algumas vezes que o encontrou numa lanchonete e outras que o comprou numa loja de artigos usados.
Apesar das investigações, Bala, famoso filósofo e viajante de Wroclaw, parecia tranqüilo.

Ao ser perguntado sobre sua opinião do livro disse que se tratava de "um produto de vala", de "puro lixo pornográfico".

No momento, ele está detido e aguarda o veredicto dos juízes de Wroclaw, mas continua não aparentando nervosismo e se comporta como se estivesse preso por engano.

Os psicólogos que o examinaram afirmam que sua personalidade tem traços de sadismo. Já o promotor Robert Kowalczyk disse ao "Rzeczpospolita" que descobriu que o escritor ficava incomodado ao se sentir menosprezado, mas gostava de desprezar os outros.

De acordo com os investigadores, foi este complexo de superioridade que o levou a descrever o assassinato, pois tinha certeza de que ninguém encontraria provas que o pudessem ligá-lo ao crime.

O tribunal deveria ter dado a sentença no dia 2 de agosto, mas a adiou por causa de algumas perícias que ainda deviam ser feitas, já que este é o primeiro caso na Polônia em que a acusação se baseia principalmente na descrição de um crime realizada em um livro.

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